Estou exausta. É o meu primeiro dia no Nepal. Passo a manhã e a tarde numa espécie de transe mental, ao mesmo tempo maravilhada com as imagens que vão se desenrolando à minha frente e mentalmente cansada com todo o exercício mental. Na “hora dourada” para a fotografia (próximo ao pôr do sol), não tenho mais energia. Entro num restaurante nepalense, faço um vídeo pela janela, sento-me pesadamente nas almofadas no chão, que fazem de cadeira, e peço a primeira refeição do dia.
Algum tempo depois, saio do restaurante. Agora com mais energia. Quando chego à rua, sou surpreendida por um espectáculo de luzes em miniatura. Centenas delas. A rua está cheia de vida. Alguns são vendedores ambulantes. Outros são devotos. Sento-me no banco da praça e observo o cenário. Há monges que murmuram mantras, outros que cantam, muitos que procuram bênção, cada um da sua forma.
Como me permito observar mais do que fotografar, no dia seguinte, agora mais cedo e na expectativa de ver este espetáculo visual de novo, saio à rua no fim da tarde, sem rumo, sem pressa. Estou ansiosa por explorar a fotografia de perspectivas diferentes, algo mais criativo.
Observo as pessoas, as suas expressões, o seu aspecto, a sua linguagem corporal. Completamente absorvida na minha tarefa de processar mentalmente toda a informação de caras exóticas, roupas e indumentárias coloridas, não noto o tempo passar. Quando retomo o foco, pergunto-me: Onde estão todas as pessoas e o festival de lanternas?
Na verdade, noto que toda a Stupa* está hoje muito mais vazia. Nenhuma lanterna… Desiludida, volto para o meu guest house. Arrisco perguntar ao funcionário:
– Onde estão as pessoas com lanternas?
– No today (hoje não há).
– E porque houve ontem?
– Porque foi um dia especial.
– Porque ontem foi especial?
– Não sei…
Não satisfeita com a resposta, continuo a perguntar aqui e ali. Com a dificuldade de comunicação, só consigo reter algumas palavras significativas de cada diálogo. No entanto, ao juntar todas, compreendo: é o dia da lua nova onde durante o qual todos acendem lanternas como expressão de carinho e desejo de bem-estar aos seus familiares queridos que já partiram.
Sem saber, fui eu também abençoada com a oportunidade de estar no local certo à hora certa…
* Estupa – “Uma estupa, também chamada chörten,chaitya, chedi, pagode e dágaba, é um monumento construído sobre os restos mortais (geralmente cremados) de uma pessoa importante dentro da religião budista. Tem o formato de torre, geralmente cónica, circundada por uma abóbada e, por vezes, com um ou vários chanttras (toldos de lona). Com o tempo, evoluiu para uma representação arquitetónica do cosmo.” (wikipédia)
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Obrigada por esta partilha, cheia de amor Aninhas! (chamei-te Aninhas outras vez, não te chateies!)
Obrigada a ti pela visita. Por favor, chama-me Aninhas! 😛
adoro!
linda história, lindo momento e maravilhosas imagens. Obrigada pela partilha! 🙂
Está tudo bem contigo? Manda noticias e conta historias de encantar…viajar contigo tem sido muito gratificante…o que tenho apreendido..obrigada Professora.um beijo e Feliz Natal.