Finalmente, chegamos à porta da casa da família que irá cozinhar para nós: fechada a cadeado do lado de fora. Estão a trabalhar na agricultura. Ligaste? Pergunto ao Lim. Não. Eles não têm telefone. Sento-me no chão, cansada e literalmente desidratando pelos poros. Lim pergunta qualquer coisa ao vizinho do lado e diz:
– vamos descansar naquela casa.
Entramos e apresentamo-nos aos donos da casa. Devo ter perdido alguma parte da conversa em vietnamita porque no instante seguinte, o almoço começa a ser preparado pela Em, uma simpática senhora da etnia Dao (pronúncia-se “zao”) e pelo Lim.
Observo-os a trabalhar. Fogueira acesa, os pratos são pacientemente preparados um por vez. Como é natural, o último prato é o único que comemos quente.
Decido verificar como fazem para comprar os alimentos que não produzem. Fica claro, a partir daí, porque razão o guia trouxe o almoço às costas: eles caminham até à vila próxima no dia do mercado local. Descem a montanha para ir e voltam com as compras na subida.
O casal fala vietnamita e a língua étnica. Comunicam comigo através de sorrisos e, de vez em quando, o Lim acerta nas traduções. Logo ao primeiro sorriso noto que Em manteve a tradição também no que se refere ao hábito de mascar folhas de Betel para proteger os dentes. Quando mascados juntos (areca nut e slaked lime. Pode-se também acrescentar tabaco), a mistura torna-se vermelha. Quando utilizado durante muitos anos, os dentes tornam-se pretos. Embora pretos e de aparência desagradável, os dentes estão fortes e protegidos.
Quando Em compreende o meu interesse pela cultura Dao, apressa-se a ir vestir a túnica preta que falta para complementar a sua veste tradicional. Exibe-a com orgulho para a câmara.
Termino o dia com um pirilampo a voar na minha direção e a pousar na minha camisa. Aos 10 anos de idade foi quando vi um pirilampo pela última vez.
Comentário técnico: em geral, prefiro o uso do refletor dourado para iluminar o assunto principal. No entanto, para esta imagem, optei por utilizar um flash com um difusor, pela praticidade de carregar durante a caminhada e também porque, com o dia instável, previa pouca luz natural para refletir. Utilizei o flash no manual, com intensidade de 1/128.
Awesome story and imagery, carry on, we are all here loving it all
Thanks, Fernando. Hope you keep loving it! 😉